domingo, 31 de maio de 2015

De feirante à freguês

Por: Aline Mendes
Edição: Yan Tavares
 
   Por quase quatro décadas José Inácio Ferreira 80 anos foi feirante. Vendia frutas, sendo algumas inclusive, de sua própria chácara, onde mora - em Travessão de Campos. A outra parte das frutas, vinham da Bahia e de Santa Luzia-ES. O Zé mineiro de Governador Valadares veio para Campos com 25 anos e trabalhou na Usina São José como cortador de cana. Na época, com dois filhos pra criar, precisava de uma renda melhor, até que conseguiu fazer uma inscrição para trabalhar no Mercado Municipal e logo em seguida adquiriu um ponto. Como não existia hortifrúti, as pessoas tinham que recorrer até o mercado. Com o passar do tempo, passou a ter muitos clientes, em sua barraca, onde também vendia coco rolado na hora, e pimenta moída.
   “Tínhamos alguns problemas com a fiscalização para com as mercadorias, até que conseguimos alvará para fixá-las no local. No início, tínhamos que levar embora todo fim de expediente. Eu inclusive, pagava alguns meninos para levar os produtos, depois trazê-los de volta, em uma carroça, chegando onde morava, eu pagava para guardar em um deposito. E assim fazíamos de domingo a domingo. Quem não tinha dinheiro para pagar fazer assim, era obrigado a vender barato, depois de pagar mais caro, se não perderia tudo. Os lucros eram bons, antes tudo era a preço de banana, comíamos dentro do mercado mesmo - antes era caro um prato de comida a R$ 10 - assim podia, sustentar casa, filhos e algumas namoradas na rua", brinca seu Zé.
 
   Ele conta ainda que acordava às 4h,para colher as frutas,  saia às 5h30min de sua casa e trabalhava na feira das 6h às 17h. "Na viagem, eu ainda dava umas frutinhas ao motorista, como um agrado." Ele possuía vara de porcos e fornecia para alguns colegas mercado. Ainda sobre a sua rotina, ele nos conta como era aos domingos, "Os domingos eram dia de toque de recolher, às 14h éramos obrigados a fechar para lavar, se o movimento fosse bom e passasse do horário, nós éramos multados. Hoje muita coisa mudou, as bancadas que agora são de cimento, antes eram cavaletes, tabuleiros e caixotes. O mercado antes era na lama, tinha que comprar esteira e papelão pra forrar no chão, diria que era quase que um brejo, hoje fizeram valão, jardim e galeria. Os ônibus passavam sempre onde era o camelô, depois mudou à rodoviária”, conclui o relato, o ex-feirante.
 
   Hoje o seu Zé - que declara ter sido um feirante de bom relacionamento em toda a feira, apesar de ser até hoje lembrado, como o “Zé Mineiro” deu um tiro no telhado do mercado -, já não trabalha mais no mercado, mas vai toda semana fazer sua feirinha e reencontrar os amigos de longas datas e bater um papo. Amigos esses, que o declaram como verdadeiro patrimônio histórico, devido às suas tantas histórias, em um lugar que conhece por completo. Por onde passa, é cumprimentado por todos que o conhecem. Para ele, não existe lugar melhor, "Sempre venho aqui, é parada obrigatória", declarou. Em sua volta para casa, cheio de alegria com suas compras, faz cerca de 40min de ônibus - da feira à travessão. Diante de tamanha história, este personagem, faz por merecer a cobertura de um dia com este:

 
Fazendo feira


Feliz com suas comprinhas


Com os amigos
Esperando ônibus na rodoviária 

Chegando à casa

sábado, 30 de maio de 2015

Figura Ilustre: Michel Haddad!

Por: Aline Mendes
Edição: Romário Júnior

Em Campos dos Goytacazes, habitava uma das figuras mais ilustres da nossa cidade, Michel Haddad, algumas pessoas conheceram, outras só ouviram falar que era um grande homem. Nasceu em Campos no dia 05 de julho de 1911. Michel era visto todos os dias, sentado na frente do antigo Café Monte Líbano, atual Largo da Imprensa, com um charuto na boca, bengala nas mãos e cercado das mercadorias que vendia.
                                              
(Arquivo Pessoal Jean Paul Haddad)
Chegou a ser dono de quatro lojas em Campos, mas, endividado, perdeu os estabelecimentos e foi para as ruas ganhar a vida como ambulante. É considerado o primeiro camelô de Campos e um dos precursores da profissão. Meses após sua morte, foi homenageado por Anthony Garotinho, prefeito da cidade na época, com a criação do Shopping Popular no dia 07/12/1991 que leva seu nome, Michel Haddad.
 
(Arquivo Pessoal Jean Paul Haddad)
Michel chegou a ser garoto propaganda fez comercial do banco Itaú em 1988; o Itaú cultural. Chamava-se Itaú cidades, quando foi inaugurada a agência da rua Santos Dummont em 1988. O Itaú colocava as personalidades da cidade pra fazer o comercial.

Nas tradicionais festas de Santo Amaro ele tinha barraca cativa na frente da igreja. “Se Michel não viesse, não tinha festa”. Dizia o padre. Naquela época TV era coisa escassa, muito menos existia internet, então a festa era o atrativo. ´´Certa vez chegou um camarada e disse seu Michel eu quero uma foto de São Pedro, ele não tinha, mas lembrou de uma foto na mala barbudo e cabelo branco olhos azuis piscina. Vendeu a foto como se fosse São Pedro e a pessoa acreditou. Conta Jean Paul Haddad neto do Michel.

(Arquivo Pessoal Jean Paul Haddad)

Outra história desse grande vendedor campista, conta que certo dia sem moldura pra por fotos de santinhos, ele comprou esterco e disse para os seus familiares; “Quer ver como se vende qualquer coisa bem montada?” E apostaram com ele, Michel pegou esterco seco, acrescentou perfume deixou e depois colocou a foto do santo, fez molduras, e conseguiu vender tudo! Não sobrou um, perderam a aposta.

Seu neto, fala com orgulho apesar do pouco contato, conhece bem suas histórias. “Falar sobre meu avô é fácil, apesar de conviver apenas 4 anos com ele, as histórias dele percorrem Campos. Era muito comum meu avô receber as personalidades politicas em Campos, mas ele não ia até elas, elas iam até ele. Veio em Campos e não falou com Michel, não veio a Campos. Digo isso de governadores e tudo mais, um deles foi o Moreira Franco.” Afirma Jean Paul Haddad. Jean está escrevendo um livro, e nele irá contar mais histórias sobre o avô.




"Não acredito que as obras do camelô serão concluídas", afirma camelô.

Por Romário Júnior 
Edição: Amanda Barreto

 Nem os preços baixos e a variedade de produtos são suficientes para atrair os consumidores para o centro de comércio informal, popularmente conhecido como camelódromo em Campos do Goytacazes. Há 1 ano e 3 meses após a mudança do local de comércio, várias promessas foram feitas para melhorar a estrutura e a divulgação do local. O problema é que até hoje, nada foi cumprido e a situação só tende a piorar. 


 Trabalhando há 5 anos no camelô, Wellington da Silva, de 34 anos reivindica os problemas que está enfrentando no camelô. "Estou trabalhando aqui porque preciso, mas não posso mentir e falar que a mudança me trouxe algum benefício, só fez piorar. Não sabemos o que vai acontecer com todos nós daqui pra frente."



 O permissionário diz que com a mudança de local as compras despencaram e deram lugar aos prejuízos; "As vendas caíram mais de 50%, ainda tenho sorte de ter meu ponto de venda no começo da passem de pessoas no camelô, assim ainda consigo me sustentar, se meu ponto de comércio estivessem lá atrás, já estaria fechado e buscado outro emprego. Não acredito que as obras de reforma do camelô serão concluídas." Finalizou. 


sexta-feira, 29 de maio de 2015

"Até a Globo compra os meus produtos", afirma vendedor.

Por Leandro Neves
Edição: Amanda Barreto


     Há 27 anos, Hermes Valentim Filho - de 72 anos de idade - atuava como ambulante, com a venda de notas, moedas e selos. Mas há um ano, ele deixou de ser um vendedor de rua ao garantir um ponto no atual Mercado Municipal. Hoje, o feirante tem um espaço chamado "Mundo das Moedas".


     Perguntado sobre as vendas, se houve ou não uma queda, Hermes afirma: "Aqui eu estou me adaptando, pois eu nunca tive uma barraca. Eu era vendedor de rua, e vendia bastante, mas temos que obedecer as regras, agir conforme a lei."





     Hermes fala um pouco sobre como começou o seu interesse pela venda de moedas, notas e selos: "Meu pai era ferroviário e trabalhava na Leopoldina; lá ele achava moedas antigas e guardava. Um dia, ainda aos meus 11 anos, meu colega viu uma delas em minhas mãos e disse que eu poderia ganhar dinheiro com isso; foi então que eu comecei a comercializar esses objetos antigos."


   Segundo seu Hermes, não só colecionadores se interessam por seu produto, mas também, museus e até canais de TV, como a Rede Globo.


"É preciso seguir as normas do governo", diz açougueiro.

Por Alexandre Henriques
Edição: Amanda Barreto


     Esse é Leonardo de Souza do Espírito Santo, de 34 anos;  ele é casado, tem um filho e trabalha no Mercado Municipal de Campos.


     Leonardo, desde a adolescência, acompanha e ajuda o seu pai Manel - que tem 75 anos e há 59 trabalha no Mercado vendendo carne bovina, suína e linguiça fresca. Todos os dias ele começa a trabalhar às 6 da manha e só pára às 7 da noite.
     Leonardo disse que com o trabalho de longos anos e dedicação à profissão, já garantiu uma boa freguesia; e quando os fregueses não o encontram, voltam em outro horário - ou um outro dia - porque já acostumaram com o seu atendimento.  
     Quando perguntado sobre o que acha da futura mudança do Mercado, o açougueiro disse que não é contra e até já pensou em uma reforma no seu estabelecimento, mas a Prefeitura pediu que ele esperasse, "É preciso também que os comerciantes sigam as normas estabelecidas pelo governo", afirmou.







quinta-feira, 28 de maio de 2015

A estrela da Peixaria

Por Amanda Barreto
Edição: Romário Júnior



          Quando a pergunta é sobre o peixe que faz a cabeça dos consumidores, a resposta é unânime: Traíra. O queridinho da peixaria é um dos peixes mais populares do Brasil; presente em quase todos os açudes, lagos, lagoas, represas e rios, a traíra é facilmente encontrada, pois basta ter um fio de água para que ela se faça presente. 
      Carnívoro, voraz, briguento e completamente territorial, esse peixe possui dentes afiadíssimos e todo o cuidado é pouco no seu manuseio, pois além de tudo ela é extremamente lisa e escorregadia. A traíra gosta de sombra e escuridão; pedaços de madeira, troncos caídos e latas são um ótimo esconderijo. Nos meses frios se enterram no fundo para suportarem a baixa temperatura da água.
     Com esse pescado, todo cuidado é pouco. Tão comum e tão particular, eis a estrela da Peixaria do Mercadão...



A criatividade é o sucesso garantido

Por: Romário Júnior
Edição: Yan Tavares 

   Diz o ditado que "a propaganda é a alma do negócio", e a expressão vale para diversas situações. Inclusive para quem trabalha no camelô, anunciar o produto de maneira criativa pode gerar boas vendas. Em Campos dos Goytacazes, o antigo costume ainda é mantido, mas com adaptações bem humoradas. 


   Trabalhando há 20 anos no camelô de Campos, Paulo Pereira, 50 anos, mais conhecido por sua clientela como Paulinho, conta detalhes sobre a sua vida de comerciante, "Aqui eu vendo carteiras, relógios, celulares, controles remotos, fones de ouvido, lanternas, acessórios, produtos dos mais diversos. Material legal que atrai clientes, que vem para comprar e até revender em outros lugares. Sempre tento puxar assunto com o cliente, incentivar a pessoa falar o máximo possível, virando um amigo fiel  dos clientes. Certamente dias depois, eles já identificaram meu ponto de venda e vem aqui me encontrar para comprar meus produtos" relata o comerciante.


   Paulinho ainda ressalta que todo trabalho tem que se fazer com dedicação,"Eu amo o que faço, transmito humanidade, carinho, atenção e simpatia. Sou um homem realizado, graças a Deus. O camelô representa tudo em minha vida." concluiu Paulo. 

Mercadões Brasil afora: Recife

Por: Yan Tavares
Edição: Romário Júnior

   Para que então se finde por aqui esta série, que buscou até o dado momento retratar os Mercadões. Que com toda a sua história, hoje são representativos para importantes centros; como é o caso do Mercado de São José.
 
   Localizado em Recife, no bairro de São José, origem de seu nome, foi inaugurado em 1875 e é o mais antigo mercado público do Brasil. Após passar por reformas, em 1906 e em 1941, passou em 1989 pela última, devido a um incêndio que destruiu parte de si. Sendo reinaugurado em 1994, tendo atualmente 561 boxes, além de mais 24 destinados a peixes, 12 a crustáceos e 80 a carnes e frutas. além do destaque para a culinária nordestina, encontra-se lá também muito artesanato regional, além de ervas medicinais, entre outros artigos. Foi tombado patrimônio histórico junto ao IPHAN e permanece até os dias atuais como importante atração turística da capital. É mais um, tal como os outrora citados por aqui, hoje renovado já possui seu próprio site.



Tombar ou não tombar... eis a questão.

     No final de abril iniciou-se mais um capítulo de uma discussão infindável: o tombamento do Mercado Municipal de Campos dos Goytacazes. De um lado encontra-se o Ministério Público, afirmando que processo de tombamento não é tombamento, de outro os órgãos que defendem o Mercado enquanto Patrimônio Histórico.
     A obra deve ser suspensa? Ou seguir adiante?
     Confira a reportagem completa clicando aqui.


Foto: Ralph Braz



quarta-feira, 27 de maio de 2015

Plantou esperança, colheu alegria, ficou na lembrança.

Por Leandro Neves
Edição: Amanda Barreto

     
    Há 37 anos trabalhando no Mercado Municipal com a venda de hortaliças e verduras, Jorge Gertrudes ou "nó cego" - como é conhecido pelos feirantes e consumidores - conta um pouco sobre a sua vida e sobre os cuidados com produto com o qual trabalha.
     Em 1978, quando tinha 35 anos de idade, Jorge alugou um terreno e criou ali uma horta. O feirante era lavrador e produtor, além de vendedor ambulante. Sua renda não era boa, então ele começou a vender picolé e peixes para aumentar o ganho. Com o dinheiro arrecadado nas vendas, o comerciante começou a investir em outros terrenos para a criação de hortas, até chegar ao número de cinco lotes. Com um salário melhor, ainda em 1978, Jorge comprou um ponto no Mercado Municipal, onde está até hoje.




      Sua rotina estava ficando exaustiva. Enquanto tinha a sua própria horta, ele precisava acordar às 3h00 para colher as hortaliças e verduras, e em seguida, levá-las ao mercado. Hoje, o alimento revendido por ele, vem de Friburgo e de Teresópolis. Um caminhão trazendo as suas mercadorias, chega às 23h00, e às 4h00 termina todas as entregas. Jorge, atualmente, acorda às 5h00 e às 6h00 começa a arrumar seus produtos de venda. Para não estragar as verduras e hortaliças, o vendedor as armazena num isopor coberto de gelo, para que o alimento continue fresco e sem riscos de apodrecer. 
     Seu Jorge dedicou metade de sua vida ao mercado, viveu em períodos em que os feirantes trabalhavam com gosto e com alegria no rosto, pois a clientela era enorme; mas hoje, aos 72 anos, o vendedor afirma com um tom de tristeza: ''Não gosto mais do trabalho no Mercado. É um serviço muito preso e além disso, infelizmente, as vendas vem caindo bastante'', afirma. 

Mercadões Brasil afora: Minas Gerais

Por Yan Tavares
Edição: Amanda Barreto

  
     Da série que mostra exemplos - ou espelhos – de Mercados a serem, quem sabe, fonte de inspiração para um novo Mercado Municipal em Campos, o Mercado Central de Belo Horizonte talvez se assemelhe ao nosso mercado. Quando se fala em botecos, no mineiro, existe hoje um total de 14. Inaugurado em 1929, tem mais de 400 lojas, reunindo artigos religiosos, artesanatos mineiros, enorme variedade de ervas - que prometem curar de tudo, além de floriculturas, brinquedos, roupas e muito mais, e claro, a boa comida mineira acompanhada de cerveja gelada.
  

  
   Para complementar, como não poderia faltar em toda conversa de botequim, lá tem muita história a se ouvir, muitos "causos" mineiros.
  
   Em 1964, foi comprado por um grupo de comerciantes, passando por várias reformas e mudando seu nome de Mercado Municipal para Mercado Central, tornando-se hoje um dos lugares mais visitados da cidade mineira. Atualmente, como a maioria dos grandes mercadões, possui seu próprio site, podendo ser visitado em http://www.mercadocentral.com.br .



terça-feira, 26 de maio de 2015

Onde vou parar?

Por Amanda Barreto
Edição: Romário Júnior 

   
     Dentre tantos porquês, um dos motivos que mais afasta os clientes do Mercado Municipal é a dificuldade de vagas para estacionar. Em seu entorno, um caos urbano: carros disputando um micro espaço; os estacionamentos, pagos! 

 João Luiz mora em Niterói e, sempre que vem a Campos, faz compras no Mercadão. Adivinhe qual o maior problema que ele enfrenta...



Mercados mundo afora

Por Geovana Barcelos
Edição: Amanda Barreto


     O típico Mercado Popular é o local onde se encontram comidas típicas, artesanatos e aqueles produtos que muitas vezes não são encontrados nas prateleiras dos supermercados. Em geral, os mercados acabam se tornando símbolo de tradições para quem costuma visitá-los sempre. E assim alguns mercados são referências pelo mundo...
   Shilin Night Market, Taipei, Taiwan – Em uma cidade conhecida por seus mercados noturnos como pontos turísticos, este é o maior e mais famoso da cidade. Com quase 600 barracas, tem uma enorme variedade de produtos e é frequentado por turistas de todo o mundo.

                           

    Rialto Market, Veneza, Itália - O mercado, juntamente com a ponte, é uma das atrações mais populares dos turistas em Veneza.

                

   St. Lawrence Market, Toronto, Canadá – Este foi escolhido pela National Geographic como o melhor mercado de alimentos do mundo.

                  

    Todos os mercados acima citados são atrações turísticas e históricas. Importantes para sua cidade - tradicional e economicamente. A reforma do Mercado Municipal de Campos, tem a intenção de transformá-lo em um ponto turístico e ainda mais tradicional para os campistas. Será que o Mercado Municipal, após a reforma será importante para a nossa cidade, tal como estes? 




segunda-feira, 25 de maio de 2015

Insegurança para feirantes e camelôs

Por: Jhonny Diorel
Edição: Yan Tavares

   O Mercado Municipal, assim como qualquer outro lugar, não está livre de assaltos, da onda de violência, seja ela física, moral ou psicológica. Diante disto, aumenta-se também a vulnerabilidade social, por conta da quase total falta de segurança. 
   Os permissionários por exemplo, tem sofrido nos últimos  meses com frequentes assaltos, passando de pequenos furtos, à assaltos à mão armada. Nos últimos cinco meses, três camelôs tiveram seus material de trabalho roubado, quando chegavam aos seus postos de trabalho pela manhã.
   Casos semelhantes, também aconteceram com dois feirantes, que tiveram suas mercadorias roubadas nos horários de maior vulnerabilidade no local, entre 4h e 6h e principalmente entre 18 e 19 horas, quando acontece o fechamento das vendas e levantamento dos lucros por parte dos comerciantes do local.
   Segundo informações do 8º Batalhão de Polícia Militar(BPM), os últimos registros envolvendo mercado ou camelô, se trataram de brigas paralelas, entre os camelôs ou mesmo os próprios feirantes, e também nos bares e botecos - entre seus frequentadores -, todos considerados, conflitos de ordem interna. 

 
     Foto arquivo 8º BPM momentoverdadeiro.com


   Ainda segundo informações do 8º BPM, o último caso registrado foi uma manifestação envolvendo camelôs, feirantes e alguns populares.

domingo, 24 de maio de 2015

O Quarto Mercado

Por: Aline Mendes
Edição: Yan Tavares

   Em 1980 houve uma assustadora massa de desemprego, quando os shoppings populares foram criados às pressas visando empregos rápidos, muitas pessoas foram para atividade econômica desregulada sem controle do Estado e sem pagamentos de impostos.

   Assim, surgiram no Brasil, vários shoppings que mais tarde foram adaptados e humanizados, ganhando segurança, iluminação, banheiros mais higiênicos e amplos, além de áreas de estacionamento, alimentação e até para armazenamento de mercadorias, assim como horários especiais de funcionamento.

   “O nosso Shopping Popular não foi diferente. A sua localização emergencial, deu nova vida ao comércio da Rua Barão de Amazonas, tradicionalmente voltado para um público de moradores de outras áreas do município, devido à proximidade com a Rodoviária. Hoje graças a estabilização econômica da nossa moeda, muitos desses comerciantes se encontram em excelente situação financeira, depois de tantas lutas, e isso é muito bom. Contudo, todos os que ali se encontram merecem uma área mais ampla, com melhores acomodações. Também nós usuários, merecemos uma área com melhores instalações. Então o que falta? Penso que o que falta é coragem. Coragem para enfrentamentos, pois é certo que as opiniões entre os permissionários é dividida, uns desejando melhorias mesmo em outra área e outros querendo apenas o imediatismo”, disse a historiadora Sylvia Paes.


Lagoa de Furtado Parque Alberto Sampaio (Arquivo Hélvio Cordeiro)
   
   Passamos por três transformações até chegar ao atual Mercado Municipal. O primeiro, segundo informações de Sylvia Paes, teria sido o Largo do Capim – hoje Boulevard Paulo Carneiro -, depois, veio o da antiga Praça Prudente de Moraes, mais conhecido como Chá-Chá-Chá. Mais tarde, tivemos o Largo do Mercado, área defronte a Faculdade de Direito de Campos e em seguida o atual Mercado, junto ao Canal Campos-Macaé.


Mercado do Largo do Rocio (Arquivo Hélvio Cordeiro)

   Ao seu lado, foi construída uma praça, tendo o seu nome dado em homenagem ao Padre Azeredo Coutinho, homem ilustrado - chegou a ser bispo de Olinda - que escreveu um tratado sobre a produção açucareira na região.


Mercado Municipal, Praça Azeredo Coutinho (Arquivo Hélvio Cordeiro)

   Um relógio francês inaugurado em 1921, podia ser visto ao alto de sua torre. Sua frente se abria para um vasto jardim, então chamado Jardim de Alá, que mais tarde veio a ser reformado, ganhando o nome de Alberto Sampaio, importante botânico campista.

Mercado Municipal (Arquivo Hélvio Cordeiro)
   No Estado do Rio de Janeiro há apenas esse exemplar como modelo de Mercado segundo moldes franceses.

                
Sylvia Paes (Arquivo Pessoal de Sylvia Paes)
   Por final, Sylvia levanta ainda algumas questões a serem pensadas, "Se outras cidades brasileiras podem e tem seus mercados preservados, porque não o nosso? Não somos merecedores? Uma cidade pequena tem que ser sempre considera menor e não merecedora de projetos ousados de restauro e uso de seu patrimônio?", questionou a historiadora.

              Contribuições: Sylvia Paes

Procura-se a voz do mercado

Por: Jhonny Diorel
Edição: Yan Tavares

   No Mercado Municipal de Campos encontramos verduras, legumes, frutas, carnes, vendedores, consumidores, enfim, gente que faz o mercado no dia a dia. Há toda uma engrenagem funcionando para que o trabalho seja desenvolvido como manda o figurino. Mecanismos de trabalho, como mão de obra, criatividade, ideias, pessoas, vozes... Aliás, vozes? Esta é a palavra, vozes do mercado, vendedores, consumidores e uma voz em questão: 

   Aquela voz que ecoa no mercado. Mas qual é, quem é, onde está? Procura-se a intrigante voz do mercado. Segundo informações de feirantes e frequentadores, um serviço de auto-falante volante que atende o mercado, onde está instalada, atendendo também aos comerciantes das proximidades, com o serviço som volante, divulgando os produtos que ali são vendidos.

   
   Esse sistema de som no local é chamado por todos ali, de de Rádio do Mercado. Porém, no local improvisado, até o momento, nenhum funcionário ou mesmo responsável pelo serviço ali presente, foi encontrado. Fato é que continua a saga em busca da (s) voz (es), ecoada no nosso mercado. Por enquanto, ficamos apenas com a ideia de uma voz desta rádio, e na expectativa de que a qualquer momento alguém entre ou saia por esta porta. 


sábado, 23 de maio de 2015

Vendilhões da Esperança Mercadores de Ilusões

Por:Aline Mendes
Edição:Romário Júnior


                                                             (Arquivo Pessoal Luiz Soares)


A Escola de Samba “União da Esperança”, fundada em 14 de agosto de 1958, vem desenvolvendo um trabalho de passar às gerações futuras um samba que faz escola há  57 anos.  A escola tem como símbolo a Águia altaneira. A Verde e Rosa de Custodópolis está desenvolvendo para o Campos Folia 2015 o enredo “Vendilhões da Esperança, mercadores de ilusões”, sob a direção de Ecivalter Germano Rosa atual presidente da executiva.

O Mercado é uma instituição que coloca os vendedores e compradores em contato direto, para promover a troca de bens econômicos por produtos, que se entregam imediatamente ou no futuro. O Mercado de Campos dos Goytacazes já teve várias localizações, e denominações. Em épocas remotas o pescado era encontrado nos pontos de venda  em locais conhecido como Bancas do Pescado, em  grande número na beira do rio Paraíba do Sul, enquanto que as mercadorias que não eram encontradas nos armazéns, era vendido na Quitanda Velha.

O carnavalesco Luiz Soares, fala dos preparativos para encantar o público. “E os Mercadores da União da Esperança, que somos nós, vendemos sonhos em verde e rosa tal qual o Mercador de Veneza de Shakespeare, mentolados com ilusões em forma de folia. Fiz o enredo, pois além de gostar de contar histórias reais na avenida, sou apaixonado pelos mercadores em especial os mercadores históricos das pranchas e o prédio centenário do mercado de campos. Para se contar a história na avenida tem que ter uma pesquisa histórica da mesma partimos para o texto histórico do enredo que é distribuído aos compositores que é escolhido por um grupo de jurados e velha guarda da escola”. Diz Luiz.


                Luiz Soares - Carnavalesco (Arquivo Pessoal Luiz Soares)

Está sendo preparada uma torre com o relógio francês com 10 metros de altura, com movimentos.  A ala Cabrunco Xing ling do camelô, Uma sátira ao camelódromo. O cabeça desfila como primeiro carrinho de churrasco dele com a família e amigos. Tradicional com sua pastelaria, dona Dora. Os destaques da escola de samba será Nelcimar Pires e Tilma Pires, o estilista representará os mercadores do oriente com o pavão encantado e a mãe será destaque no carro principal com uma corte de 10 negros ricamente vestido fazendo uma alusão a mão de obra construtora do prédio  do mercado. Os arabesques arte nouveau do mercado circundam o carro. A Águia mãe mercadora mede 30m de comprimento, com 12m de altura. 


Todo esse trabalho da escola União da esperança e demais agremiações carnavalescas de Campos pode ter que esperar um pouco mais para entrar na avenida. 
Devido à crise que passa o país, o carnaval fora de época de Campos poderá ser adiado.


                                          Colaboração: Hélvio Cordeiro

"Sofremos pressão psicológica", afirma feirante.

Por Romário Júnior
Edição: Amanda Barreto


     Cada fruta ou hortaliça tem seu lugar. Algumas ficam até em destaque, para encantar o cliente de imediato. Embora seja um trabalho cansativo, o feirante Samuel Coutinho Gomes, de 48 anos, monta sua barraca e ordena seus produtos com muito carinho; ele é um representante da simplicidade e do amor ao trabalho



     Trabalhando há 25 anos no Mercado, com muita simpatia e boa vontade, o senhor Samuel é uma amostra dos legítimos trabalhadores brasileiros. "Com 15 anos eu já comecei a trabalhar na roça, plantando tomate, cebola, melão, e sempre gostei. Depois arrumei um emprego de caldeireiro, trabalhando com soldagens; aos 23 anos comecei aqui na feira livre, tendo meu próprio negócio e hoje é o sustento da minha família. O Mercado representa para mim uma fonte de sobrevivência", afirma o feirante.





     Perguntado sobre a possível reforma do Mercado, o comerciante se mostrou preocupado e pessimista em ralação a mudança; "Não vejo o Mercado Municipal em outro lugar, estamos acostumados aqui, os fregueses já sabem onde me encontrar. Não temos nenhuma garantia de como será essa mudança. Sofremos pressão psicológica, fico com medo de como será se realmente a feira mudar, me preocupo com as vendas e o meu sustento", teme o feirante. 













sexta-feira, 22 de maio de 2015

Feirante quer melhorias, mas é contra a reforma

Por Leandro Neves
Edição: Amanda Barreto

     Muitos são os vendedores de alface no mercado; dentre eles, a dona Rosilane, que acorda bem cedo para fornecer as verduras mais fresquinhas aos consumidores. Há 30 anos no Mercado Municipal, Rosilane Soares Souza de Azeredo, trabalha com a aquilo que provém todo o seu sustento. 




     Perguntada sobre a situação do local, a feirante diz: ''Estou feliz onde trabalho, mas seria bom se houvesse uma melhora na estrutura e na higiene''. Dona Rosilene afirma não acreditar em uma possível reforma, e diz que não gostaria de sair de seu atual local de comércio. Ela ainda ressalta que o mercado precisa de melhorias, mas é contra a reforma. ''Precisamos de melhorias, mas acho que seria ruim uma reforma, pois já estamos acostumados com o local'', constata Rosilane.

A esperança de um novo mercado

Por Alexandre Henriques
Edição: Amanda Barreto 


     Esse é Manoel Ribeiro Souza, ele tem 73 anos e há 50 vende carne suína no Mercado Municipal.




     Segundo ele, é do açougue que sai todo o sustento da família. Seu Manel, como é conhecido, é casado, tem 10 filhos e 32 netos. Morador do bairro Pecuária, disse que acorda bem cedo - às 5 horas da manhã -  pega o ônibus e vai ao encontro de sua rotina de trabalho. Ele fica no Mercado de 6 da manhã até às 18 horas.
     O açougueiro disse também que tem uma boa freguesia. "Continuarei trabalhando até o dia que Deus quiser, porque o trabalho faz parte da construção de uma sociedade mais justa", afirmou.
     Quando o assunto é a reforma do mercado, Seu Manel disse que realmente o local está precisando de melhorias, "Anseio por esta mudança, mas que não fique só em palavras, temos que melhorar o Mercado para que possamos ter um movimento melhor", diz o açougueiro.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Esse é um assunto velado, essa é uma arma de guerra.

Por Amanda Barreto
Edição: Romário Júnior 

     
     Dentre tantos questionamentos, um dos assuntos mais velados entre os camelôs é o que eles chamam de “Arrastão da Postura”. Esse procedimento da Secretaria de Postura, que busca manter a ordem e a livre passagem pelos corredores do Shopping Popular Michel Haddad, é arma de uma verdadeira guerra entre os camelôs.
     Dizendo estar alheia - apenas observando a disputa entre os permissionários “rivais” - minha entrevistada foi relutante, e somente após eu ter deixado a câmera de lado e prometido usar um efeito para modificar a sua voz, ela me concedeu algumas poucas palavras: “Eles já vêm na certa, já vêm sabendo de quem irão tirar". 
     Segundo essa proprietária de uma modesta banca no corredor central, o arrastão é uma espécie de intriga entre quem vende mais e quem se sente prejudicado por estar em um ponto desprivilegiado da nova organização. Uma briga entre corredor e ponta; “É alguém que se acha injustiçado que denuncia, alguém aqui de dentro mesmo. Acontece porque a mercadoria está do lado de fora da banca, mas não tem espaço dentro da banca pra expor a mercadoria, então as pessoas têm que colocar do lado de fora. Eles (a Secretaria de Postura) vêm e pegam a mercadoria dos colegas.”
     A fiscalização da Postura apreende tudo que está fora do limite de cada um, mas quando questionada sobre a suficiência do limite, minha entrevistada é ferrenha; “Queria que Dona Rosinha sentasse aqui por meia hora."